A CIDADE
Bom Jardim da Serra
Nossa cidade é portal de entrada da Serra Catarinense para quem opta por trafegar pela espetacular Serra do Rio do Rastro, com suas curvas sinuosas e paisagem única.
O município é conhecido como “Capital das Águas” devido à grande quantidade de rios, cachoeiras e arroios que nascem e deságuam por todo seu território. Sua altitude em relação ao nível do mar confere à Bom Jardim da Serra uma das mais belas topografias do Estado, alcançando 1.827 metros de altitude em seus pontos mais elevados.
A cidade faz parte da região serrana, conhecida por abranger as localidades mais frias do país. Na região bonjardinense dos campos de cima da serra é frequente a presença de temperaturas negativas no inverno, apresentando a formação de geadas ao amanhecer e ocasionalmente neve.
O TURISMO
Bom Jardim da Serra possui o cenário perfeito para prática de atividades turísticas ao ar livre. O clima particular da região, associado aos cuidados com a preservação de suas belezas naturais e à receptividade de nossa população, garantem experiências memoráveis aos visitantes que optam em conhecer a cidade.
Um exemplo de atividade em crescente expansão na região consiste na pesca esportiva da truta, possibilitada pela pureza e abundância de recursos hídricos de nosso território além dos três principais cânions que são atrativos imperdíveis.
Outra grande surpresa para o visitante de Bom Jardim da Serra é sua vocação agrícola: são inúmeras propriedades com pomares de maçãs, criadores de ovelhas e pecuária bovina atuante. O turista tem a possibilidade de estreitar seu contato com a natureza e com a vida rural, vivenciando experiências imersivas e relaxantes.
HISTÓRIA
Os primórdios do povoamento de Bom Jardim da Serra tem uma forte relação com os jesuítas que ao passarem pela região, quer na catequização ou já sofrendo os efeitos da perseguição determinada pela Coroa Portuguesa no século XVIII, abrigaram-se aqui deixando marcas que ainda hoje persistem; nomes como Rio do Púlpito, Serra do Oratório, Rio das Contas e Morro da Igreja (BITTENCOURT, 1989 o livro Epopeia na Serra)
O efetivo povoamento de Bom Jardim da Serra tem forte vínculo com a fundação de Lages iniciada por Correia Pinto em 1766. Tal fato está caracterizado na Fazenda Nossa Senhora do Socorro, por Matheus José de Souza, um integrante do grupo de Correia Pinto, que comprou de Manuel Marques Arzão, firmado em 19 de abril de 1775 (SOUZA, 2015), cuja escritura já evidenciava os acidentes geográficos ainda conhecidos na região, como o “Rio das Pelotas”.
O povoamento também foi marcante com participação do 2º Capitão-Mor de Lages, Bento do Amaral Gurgel Annes, em outra antiga fazenda na denominada “Tijucas” (COSTA, 1982). Na mesma época vindo do Rio Grande Sul chegaram, entre 1755 e 1765, Manoel da Silva Ribeiro e seus dois filhos Inácio e Pedro da Silva Ribeiro e se radicaram na denominada Fazenda Pelotas, nas margens do Rio Pelotas (RIBEIRO, 1941).
Embora diversas famílias vindas do Rio Grande do Sul e São Paulo terem se fixado na vila, foi determinante a união de homens a frente de seu tempo como: Manoel Cecilio Ribeiro, Antão de Paula Velho, José Caetano do Amaral, Manoel Inácio da Silva Esteves, Ranieri Cassetari, Prudente Luiz Vieira, Taurino Gonçalves Padilha e Joaquim Rodrigues Pereira, que permitiu a estruturação da vila que se originou, os quais doaram 100 hectares à Mitra Diocesana de Lages para que se iniciasse a implantação definitiva da vila de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro (CARVALHO-GAMBA, 1992)
Três caminhos antecederam a Serra do Rio do Rastro, mas que possibilitavam o inicio do povoamento. A primitiva trilha foi aberta em 1650 pelos jesuítas, denominada de Serra do Oratório, junto as nascentes dos rios Baú e Oratório (BITTENCOURT, 1989 o livro Epopeia na Serra) e (DALL’ALBA, 1994).
Já com a fundação de Lages, Correia Pinto buscando acesso à Laguna, determinou a abertura da Serra Imaruí, nas nascentes do rio Laranjeiras (COSTA, 1982). Já a Serra do Rio Tubarão foi aberta em 1850 nas proximidades da nascente do rio do Púlpito, por onde passou o médico alemão, Robert Avé-Lallemant, em sua extraordinária viagem descrita no livro Viagens pela Província de Santa Catarina em 1858.
Esta trilha foi denominada “Serra do Doze”, passando posteriormente a chamar-se “Serra do Rio do Rastro”. As principais mercadorias comercializadas eram o charque, couro, queijo e o pinhão, que trocavam por sal, açúcar, farinha e tecidos.
O povoado foi fundado em 1905, sendo erguida uma capela em homenagem à Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. No mesmo ano foi construída uma escola, tendo como primeiro professor Adolfo José Martins. Posteriormente, foi estabelecido o nome Bom Jardim da Serra, em virtude do grande potencial das belezas naturais existentes na região. A presença, na época, de uma imensa mata de araucária existente próxima à cidade atraía olhares dos passantes e de seus moradores, que a denominavam e admiravam como se fosse um grande jardim. Como fica a 11 km da Cordilheira da Serra Geral, associa-se este jardim com a serra, formando o então nome de BOM JARDIM DA SERRA. Uma outra visão para nome de Bom Jardim foi descrita pelo nosso grande escritor regionalista catarinense Tito Carvalho, que tem em Bom Jardim grande parte de suas obras, quando questiona, mas por que Bom Jardim? escreveu: “Vê-lo nas manhãs estivais, cheia de sol, com seus campos floridos com amarelo oiro das nacelas e dos dentes de leão, o azul imáculo das centáureas e das escovinhas e o roxo triste das papoulas e carrapichos, pontilhando de vários matizes o tapete esmeraldino das gramíneas é dar razão e louvor o primeiro que lhe pôs o nome” (CARVALHO, 1963).
Um fato relevante na história do município consistiu também na prática de atividades extrativistas. Nas décadas de 40 e 50, no auge da economia extrativista de madeira, alguns madeireiros se dedicavam à extração da araucária. Segundo Carvalho e Gamba Filho (1992, p. 20), “A Gaúcha Madeireira S.A. resolveu construir o famoso e eficiente Cabo Aéreo [...], constituído de cabo de aço de uma polegada e um cabo de 6mm, roldanas, balancim e três freios”. A estrutura, semelhante a uma tirolesa, foi construída nas proximidades da Serra do Rio do Rastro com o intuito de escoar a produção madeireira para seu destino, geralmente a cidade de Porto Alegre.
O Município de Bom Jardim da Serra foi criado em 29 de janeiro de 1967, ocorrendo sua instalação oficial em 05 de março do mesmo ano, sendo nomeado para Prefeito o Sr. Venâncio Borges de Carvalho.
Além destes marcos históricos contatos pelas maiorias dos livros de história, que em sua em maioria, relatam que estes foram os primeiros moradores (os colonizadores) da região. Mas como Guia de turismo e entusiasta nos estudos da cultura indígena no Planalto Catarinense, não posso deixar de frisar que antes da chegada dos colonizadores, o povo Xoklengs e os Kaigangs já habitavam nesta região, mas que infelizmente foram exterminados pelo homem branco.
* Autor: Benito SbruzziInstagram do Autor